Garra Cinzenta

 


Super Vilão: Garra Cinzenta
Autor: Francisco Armond e Renato Silva
Ano: 1937
Alter Ego: Garra Cinzenta
Poderes: O Garra Cinzenta apesar de não possuir nenhum poder, tem um grande conhecimento de várias ciências, como a química, e o usa para fazer experiências em seus inimigos e também para matá-los. Não se sabe com certeza sua origem, sabendo-se apenas que foi um grande cientista no passado.
Base de Atuação: EUA - Nova York
Site: https://pt.wikipedia.org/wiki/A_Garra_Cinzenta

Garra Cinzenta - Publicado no jornal "A Gazeta" no suplemento "A Gazetinha", entre 1937 e 1939, "Garra Cinzenta" é um dos personagens mais clássicos e interessantes do quadrinho nacional. A trama de cem capítulos com roteiros de "Francisco Armond" e desenhos de "Renato Silva", a história mostrava um vilão que apavora a Nova York da década de 1930 com uma série de crimes. Inteligente, capaz de mil disfarces e dono de vários atributos científicos, entre eles Televisões de monitoramento, o Garra desdenha da polícia da cidade enviando cartões com uma garra informando os crimes que irá cometer. A trama é essencialmente híbrida, caracterizada especialmente pela mescla entre o policial, a fantasia e a ficção-científica, pelo seu enredo repleto de monstros, múmias, profanações de túmulos e menções a vida após a morte. No notável universo do Garra Cinzenta circula não apenas a semente do horror como gênero popular como também uma mescla de ingredientes temáticos da tradição pulp. No vilão Garra Cinzenta, transparece a imagem do cientista louco estereotípico da ficção científica, pervertendo os saberes da ciência em benefício próprio e sendo protegido pela força descomunal de seu robô Flag que apesar de ter enorme força, podia falar apenas por barulhos, e de um gorila mutante com cérebro transplantado de cientista, no caso o professor "Cuberry".

Os heróis são dois inspetores de polícia, "Higgins e Miller", que apesar de tentarem de tudo, nunca conseguiam pegá-lo. Sempre que conseguiam uma testemunha que poderia incriminá-lo, ela era morta.

Além dos capangas comuns, O Garra Cinzenta contava com um gorila com o cérebro transplantado de um cientista, uma antiga secretária, que após sofrer lavagem cerebral se torna a Femme Fatale a "Dama de Negro" e um robô construído pelo próprio Garra, chamado "Flag". O Garra Cinzenta do título, é um misterioso cientista, que usa um traje bastante apropriado a um vilão demoníaco – terno escuro, capa, um capuz e um chapéu na cabeça e uma máscara de caveira – que comanda uma gangue semianarquista, cometendo crimes como assassinatos e roubos. As intenções só são esclarecidas aos leitores mais adiante, pois alguns dos crimes comandados pelo vilão são apenas despiste para o verdadeiro motivo. Cada vítima do Garra recebia, com antecedência, um cartão com uma garra desenhada, antes de ser morta misteriosamente. Nos primeiros capítulos, o vilão – que só dá as caras no capítulo 19 – faz uma espécie de jogo com a polícia, desnorteando-a. Processa seus crimes com a ajuda de capangas e aparatos tecnológicos à frente de seu tempo na época.

A narrativa era fortemente influenciada pelo gênero policial noir e principalmente pelos pulp fictions. O escritor Francisco Armond imitava perfeitamente o estilo de tiras famosas da época, como O Fantasma e Agente Secreto X-9 e os desenhos de Renato Silva destacavam o ar sombrio das histórias.

Uma curiosidade é que a produção das HQs envolve também um mistério: ninguém sabe quem foi Francisco Armond. Especula-se que seja pseudônimo de algum escritor ou jornalista da época. O quadrinista Gedeone Malagola afirmava que Armond na verdade era a jornalista Helena Ferraz de Abreu (1906- 1979), mas o filho da mesma nega. O desenhista Renato Silva morreu (1981) antes que o ressurgimento do interesse pelo personagem levasse alguém a perguntar-lhe quem escrevia as histórias. O mistério persiste. O dono (ou dona) da mente perturbada da qual saíram as aventuras sinistras do personagem ainda é desconhecido(a).

Seu legado, porém, sobreviveu ao tempo como uma preciosa raridade da cultura pop brasileira, muito graças ao esforço de colecionadores como "Worney Almeida de Souza", que adquiriu 70% das chapas de impressão originais de outros colecionadores, recolhidas através das décadas. Em 1998, Worney publicou a série completa em um fanzine com tiragem limitada de 500 cópias. “Sabe-se, com certeza, de pelo menos duas edições internacionais: uma (...) na revista belga "Le Moustique", e outra mexicana, da editora "Sayrol". Mas é quase certo que existiram outras edições, graças ao poder divulgador da pirataria”, escreve Worney.

Segundo o pesquisador, o personagem ainda parece ter influenciado personagens das HQs americanas (o vilão Caveira Vermelha, da Marvel) e italianas (nos anti-heróis Satanik e Kriminal).

Cria direta da literatura pulp norte-americana, Garra Cinzenta se revela uma leitura até dinâmica e interessante – se o leitor ocasional souber contextualizar a narrativa criada nos moldes de mais de 80 anos atrás. O persoangem nasceu no período em que o cinema, os quadrinhos e os pulps (livros de contos escapistas impressos em papel de má qualidade) influenciavam as artes. Os seriados de cinema norte-americanos certamente serviram de fonte para Armond construir o seu enredo, que tem muitos elementos das histórias de suspense e mistério que eram populares no período: sociedades secretas, assassinatos misteriosos, avanços científicos à frente de seu tempo, vilões megalomaníacos, heróis inteligentes e/ou elegantes que defendiam a moral e os bons costumes dos anos 30, paredes cheias de passagens secretas e túneis que passam por baixo das cidades e até mesmo chineses, traficantes orientais de ópio.

Se diz que A GARRA CINZENTA seria a primeira HQ de terror genuinamente brasileira publicada em nosso território. Olhando a obra hoje, não se diria que A GARRA CINZENTA fosse uma HQ de terror. É, na verdade, uma história policial, mas os níveis de violência e suspense usados por Armond e Siva na história eram tão altos para a época que A GARRA CINZENTA é classificada como uma HQ de terror. Contribui para essa classificação o fato de a HQ conter elementos mórbidos para o anos 30, como o vilão trajando uma máscara de esqueleto, assumindo a face da morte, profanações de túmulos, experiências científicas cruéis (levadas a cabo antes das experiências dos médicos nazistas nos campos de concentração da Alemanha) a presença de monstros e até de um robô humanóide (na época em que o termo robô ainda não havia sido popularizado).

Em uma de suas mais recentes aparições, o vilão participou da edição 2 da revista crossover "Raio Negro e Velta" de 2010 pela editora "Jupiter II". Em "A volta do Garra Cinzenta", mortes misteriosas entre os chefões do crime chamam a atenção de Raio Negro que busca pela ajuda de Velta para investigar uma organização criminosa, "O Comando do Terror". A detetive conclui que, décadas depois, o Garra Cinzenta que permanece jovem até hoje, graças ao Licor da Vida, uma fórmula que também roubou sua memória durante anos, está retomando o controle da bandidagem. Os dois heróis preparam uma armadilha para o vilão e o confronto vai ser imprevisível. O final é aberto, o que sugere uma sequência. Na edição 3 do crossover "Velta e Raio Negro" de 2013, também pela editora Jupiter II, Garra Cinzenta e Katty ressuscitam o moribundo "Capitão Op-Art" o arqui-inimigo do Raio Negro, para ajudá-los em seu plano de vingança. Agora rejovenecido pela genial superciência do Garra, Op-Art propõe o sequestro da mulher de Raio Negro, Marajoara Campos, afim de atraí-lo para uma armadilha. Mas com a perda de seu anel do poder, só resta ao herói pedir ajuda a sua velha amiga, Velta.

Arte feita para o "Catálogo de Heróis Brasilerios" de Lancelott Martins.

Garra Cinzenta - por Rom Freire/2016
Cores: Adriano J. S. Felix

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