Overman
Autor: Laerte Coutinho
Ano: 1998
Alter Ego: Overman
Poderes: Super força, pode voar, invulnerabilidade
Base de Atuação: Planeta Terra - Brasil - São Paulo/SP - Bairro: Ipiranga
Website: https://laerte.art.br/
Facebook: https://www.facebook.com/profile.php?id=100044139414349
Overman - Publicado em 1998 como tira de quadrinhos de humor no jornal Folha de S. Paulo. Overman é uma homenagem visual a Space Ghost, o super-herói espacial dos desenhos animados de Hanna-Barbera. Traz também alguns elementos do Homem-Aranha, de Stan Lee e Steve Ditko, um de seus personagens preferidos de infância e o primeiro no gênero a aproximar o universo dos super seres do mundo real do leitor. Principalmente ao tratar de problemas do cotidiano, como o pagamento de aluguel e a dificuldade de conseguir emprego.
Enganados pelo empresário, Overman decide matá-lo, por sugestão de Lucy. Enquanto fogem com o dinheiro do circo e com o cadáver do empresário, Overman e Lucy são cercados por uma “tribo” de gabirus, que captura Lucy e saúdam Overman pelo nome de “Ratão”. O sumo-sacerdote dos gabirus ordena que a garota seja imobilizada sobre uma mesa ritual de sacrifícios. A Overman é oferecida a “honra” de cometer o sacrifício; mas o herói sente-se mais atraído pela roupa vestida pelo sumo-sacerdote. Esta roupa seria o futuro uniforme dele.
Overman também é orientado moralmente pela fórmula bipolar, ou seja, compreender o mundo através da ótica do “bem-ou-mal”. Daí advém a maior parte da comicidade dele: sua noção moral simplista torna-o inepto à sociedade brasileira, onde freqüentemente as noções de ordem e moral precisam ser “cordialmente” burladas em favor da simples sobrevivência do indivíduo (vide "jeitinho"). Overman, travestido de super-herói, privado de uma identidade secreta, é incapaz de entender isso.
Tal como todo super-herói, Overman possui também um “ajudante”. Chama-se Ésquilo, com quem divide uma vaga em uma pensão decadente no Ipiranga, localizada ao lado de um estacionamento. Overman recebe pedidos de socorro através de um telefone público e de um mural de recados. Ainda que combata supervilões, Overman passa a maior parte de suas “aventuras” lidando com problemas cotidianos. O contraste entre a função principal do personagem – a de herói, divulgador de bom exemplo, fazedor de proezas – e as pressões da vida cotidiana brasileira – contas a pagar, desemprego, inflação, etc. – dão argumento à maior parte das piadas.
Como diz o desenhista, ele é um sujeito completamente "over", do tipo que não conhece seus limites. Na verdade, trata-se da mais hilariante sátira já feita ao mundo dos super-heróis. Com seu humor inteligente, Overman faz o público crer que todo personagem fantasiado como ele tem lá alguns problemas mentais egocentrismo, vaidade, arrogância.
Em 2003 foi lançado "Overman - O Álbum, O Mito" (formato 21 x 28 cm, 48 páginas, R$ 23,00), que foi lançado pelas editoras Devir/Jacaranda. São 150 tiras que condensam todo o carisma e a graça do personagem de Laerte.
Em muitas das tiras do álbum selecionadas de um total de 400 já publicadas o propósito é fazer graça com o conceito que os quadrinhos e o cinema estabeleceram do super-herói. A sexualidade, por exemplo, é impiedosamente tratada a partir da velha polêmica sobre o ideal de homossexualidade explícito que existe nesses personagens homens musculosos e viris, fantasiados com roupas colantes que realçam suas formas.
Numa das histórias, por exemplo, Overman "destrói sua reputação, escandaliza seus admiradores e choca seus leitores" por um punhado de fichas de fliperama, seu maior vício. Para tanto, passa batom, veste-se de prostituta e vai para uma esquina rodar bolsinha. Acaba casado com véu e grinalda com um milionário que mantém em suas cinco mansões salas de seu jogo eletrônico preferido.
Overman - por Alex Marques/2015 |
O artista explica que, desse modo, Overman dá vazão a uma libido super legítima, com o culto hedonista da força do herói mítico que vem desde os gregos e romanos. "O legal da paródia é deixar as coisas sempre mais claras", ressalta. Assim, Laerte define sua criação como um tipo "pansexual". Para ele, esse exemplo mostra que a fronteira entre o humor e HQ séria é muito tênue. Na realidade, acredita, não existe essa divisão. "É muito legal o super-herói freqüentar o mundo dos mortais com intenções humorísticas."
Um dos momentos de destaque do álbum é a seqüência em que o artista cria uma história editorial para Overman. Em forma de documentário, as tiras fantasiam que o super-herói surgiu em 1959, passando por uma série de transformações como meio de se manter no mercado com vendas elevadas exatamente como fazem as editoras americanas há décadas.
"É bem gostoso brincar de inventar uma origem diferente a cada momento para um personagem de ficção", diz o desenhista. Ele revela que Overman é um dos seus poucos personagens que "trabalham" sozinhos no momento de fazer as histórias. "Muitas vezes, começo uma situação e ele mesmo completa o que vem depois. Apenas desenho o que ele provoca. Os outros exigem uma participação mais ativa de meu cérebro."
Como destaca o editor Toninho Mendes, Overman chegou para liquidar o mito de que um herói não pode falhar. Ele não só falha, mas falha sempre. O personagem mora no bairro paulistano do Ipiranga, onde divide com seu amigo Ésquilo um quarto de pensão ao lado de um estacionamento. De missão em missão, ele alterna derrotas ou empates técnicos.
Nem todos os inimigos de Overman almejam o controle do planeta. A maioria se dedica às suas vilanias por puro espírito de porco, praticando o mal por meio de trotes telefônicos, escritos em nota de dinheiro ou peidos - como os do temível Maníaco Flatulento.
Mas também há vilões de real periculosidade, como Pane, uma moça que consegue sabotar qualquer aparelho a qualquer distância, e o Capitalista Imundo que... hã... bem... o nome já diz tudo, né?
Em 2023, o Overman foi adaptado para filme. Ele mostra um herói tipicamente brasileiro que aceita emprego na Secretaria de Segurança Pública e precisa lidar com dívidas, sua masculinidade tóxica e proteger a cidade. Inspirado no personagem criado pela cartunista Laerte, o longa mostrará Caco Ciocler vivendo um herói super brasileiro.
Overman - O Álbum, O Mito/2003 |
Overman - O Filme - Previsto para 2024 |
Com direção de Tomás Portela e produção de Iafa Britz, “Overman” apresenta esse herói tipicamente brasileiro. Faltava fazer esse super-herói brasileiro com as características brasileiras que a Laerte expôs, que é um super-herói brasileiro que passou num concurso público para ser super-herói”, explica Iafa Britz, durante o CCXP Unlock. “Não abre mão do seu momento de lazer, mas sente falta do reconhecimento, da fama do Batman, do Homem-de-Ferro. Ele tem o nosso jeitinho.” Em meio a burocracia, dívidas e crises existenciais – como quase todo brasileiro, Overman recebe a oferta de um emprego na Secretaria de Segurança Pública do estado. “Ao trabalhar ao lado de Pâmela, sua fiel parceira, que começa a ganhar reconhecimento igual ao dele, Overman confronta sua masculinidade tóxica e descobre segredos obscuros envolvendo o Governador”, consta na sinopse. “Agora, ele precisa confrontar seus demônios internos e um inimigo antigo para evitar que a cidade caia no caos irreversível. Seu objetivo final é conseguir farrear com tranquilidade nas noites de sexta-feira.” Durante painel na CCXP Unlock de 2023, que ocorreu antes da Comic Con Experience, foi anunciado que os primeiros seis minutos do filme foram exibidos no evento.
Caco Ciocler interpretando o super herói Overman |
A arte em destaque é uma homenagem/paródia à capa da edição nº1 de Superman, de 1939.
Overman - por Quincas_Of/2017
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